Em movimento histórico para celebrar o joint-venture (empreendimento conjunto), entre as divisões de jatos comerciais da Embraer e a americana Boeing, a empresa brasileira passará a se chamar Boeing Brasil – Comercial. A notícia é confirmada nesta quinta-feira (23), pela própria fabricante à imprensa.
Informações preliminares da revista eletrônica de aviação AeroIn apontam que este não é o fim da marca Embraer, sendo que as divisões que contemplam a “fusão” entre as duas empresas permanecerão com o nome brasileiro, assim como ocorre nos jatos executivos produzidos na filial da fábrica nos Estados Unidos.
A decisão de mudança de nome poderá demorar ainda alguns meses devido o recém lançamento dos jatos da família de E-jets E2, que começou a ser entregue para as fabricantes desde o início do ano, e deve ser incorporada à Azul Linhas Aéreas a partir do segundo semestre.
De acordo com a Folha de São Paulo, a escolha foi conservadora. Segundo o jornal ainda há dúvida entre executivos da nova empresa sobre o impacto da aquisição no mercado e, especialmente, o temor de ferir sensibilidades políticas brasileiras. Daí o Brasil com “s”, ainda que seguido pelo “comercial” em inglês.
A Embraer foi estatal de sua criação pelos militares, em 1969, até 1994, e é a maior exportadora nacional de produtos com alto valor agregado. É vista como a joia da coroa industrial em um país cuja balança comercial é ancorada em commodities. Hoje a empresa é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, atrás da Airbus e da Boeing.
A exemplo de marcado, a Airbus, maior competidora da Boeing, rebatizou de A220 o avião da C-Series da canadense Bombardier, cuja linha comprou em 2017. Foi esse negócio, que trouxe para o portfólio de produtos dos europeus um jato regional pela primeira vez, que disparou a negociação entre os americanos e a Embraer, maior rival da empresa do Canadá.
A Boeing Brasil – Commercial terá 80% de controle americano e 20%, da velha Embraer. A compra da linha civil custou US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 16,8 bilhões no câmbio de hoje) à gigante dos EUA. Os americanos também terão 49% de uma joint-venture dedicada à venda de um produto militar, o avião de transporte KC-390, que também está em fase de elaboração e que terá Allen como representante americano em seu conselho controlado pela Embraer brasileira.