A Americanas, varejista em recuperação judicial desde janeiro de 2023, com dívidas declaradas de R$ 42,5 bilhões, informou nesta segunda-feira (26) que registrou prejuízo líquido de R$ 4,6 bilhões nos primeiros nove meses do ano passado. O total representa um recuo de 23,5% frente às perdas de R$ 6 bilhões registradas no mesmo intervalo de 2022.
O resultado financeiro ficou negativo em R$ 2,2 bilhões, frente aos R$ 4 bilhões negativos de janeiro a setembro de 2022.
A varejista encerrou os nove primeiros meses de 2023 com um patrimônio líquido negativo em R$ 31,2 bilhões, uma piora de 16,8% sobre os R$ 26,7 bilhões de passivos a descoberto que a empresa tinha ao fim de 2022.
O balanço dos meses de janeiro a setembro de 2023 publicados nesta segunda foram adiados por três vezes pela atual gestão da Americanas.
A Americanas divulgou os resultados financeiros de 2022 apenas em 12 de novembro, dez meses depois do escândalo contábil, quando apontou prejuízo de R$ 12 bilhões no ano.
As demonstrações financeiras de 2022 tiveram que ser refeitas após a descoberta de que dados contábeis foram adulterados durante oito exercícios seguidos, segundo o atual presidente da Americanas, Leonardo Coelho. Ele afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que as fraudes ocorriam ao menos desde 2015.
Desde 12 de janeiro de 2023, a Americanas demitiu um quarto da equipe, o que reduziu seu quadro de 43.123 colaboradores para 32.248 empregados sob regime CLT em 21 de janeiro de 2024 (dado mais recente disponível).
Em número de lojas, eram 1.880 em janeiro e hoje são 1.754, queda de 7%.
O fechamento de 126 pontos de venda em um ano representa cerca de uma loja encerrada a cada três dias. A medida é ruim não só para funcionários, é também para fornecedores, que perdem pontos de venda e promoção de produtos.
Desde assumir o rombo e ver seu valor de mercado desabar de quase R$ 11 bilhões para R$ 649 milhões, a Americanas assistiu à novata Shopee ultrapassá-la na lista das varejistas mais lembradas.
A redução nos quadros e nos serviços faz parte de tornar a empresa mais enxuta e vender a ideia de “nova Americanas”, uma varejista mais voltada a produtos de conveniência, como guloseimas, itens de limpeza e brinquedos.
Assim, a companhia deixa em segundo plano itens de maior valor agregado como linha branca, notebooks e smartphones. Os parceiros do marketplace assumem essa frente.
“Mas é preciso levar em conta que os consumidores não têm a mesma confiança no site como tinham antes”, disse, em entrevista à Folha de S.Paulo, José Daronco, analista da Suno Research. “Isso impacta diretamente o volume de vendas.”