O Corinthians precisava de um técnico com urgência. Um nome conhecido, que pudesse controlar o elenco e que assumir o comando imediatamente. Depois de sonhar com Tite, tentar Mano Menezes, desistir de Roger Machado e receber dezenas de indicações, o presidente Duilio Monteiro Alves escolheu Vanderlei Luxemburgo, 70.
Ele já deve ser o treinador quando o time entrar em campo nesta terça-feira (2) para enfrentar o Independiente del Valle-EQU, pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores. Depois de estrear com vitória sobre o Liverpool-URU, o Corinthians foi derrotado, na Neo Química Arena, pelo Argentinos Juniors-ARG.
A negociação entre a diretoria e Luxemburgo foi rápida e ele não fez muitas exigências. Fora do mercado desde 2021, quando dirigiu o Cruzeiro, o técnico rejeitou sondagens desde então à espera da oportunidade de voltar a um grande clube do futebol brasileiro.
Será a terceira passagem dele pelo Corinthians. Na primeira, foi campeão brasileiro em 1998. Venceu o Paulista de 2001 na última.
A escolha não foi unânime. Mais de uma pessoa ligada ao presidente manifestou dúvida se Luxemburgo seria o nome certo, mas a visão que sempre prevalecia era a necessidade de obter um nome com rapidez para tentar debelar a crise no departamento de futebol. Ele será o quarto treinador do Corinthians em 2023.
A equipe começou o ano com Fernando Lázaro, 39. Integrante da comissão técnica, ele não tinha experiência anterior no cargo. Foi uma resposta caseira depois da saída do português Vítor Pereira, mas não vingou. Os dirigentes ficaram alarmados com os resultados e o devolveram a seu emprego anterior no último dia 20. Pesou a possibilidade de eliminação na Copa do Brasil e Libertadores.
O substituto foi Cuca. Era visto como um alguém que poderia dar um choque no elenco, tirar o melhor dos jogadores e sacar do time titular medalhões. Durou menos de duas semanas. O caso em que ele foi condenado por importunação sexual em 1987, na Suíça, quando era meia do Grêmio, voltou para assombrá-lo. Duilio foi muito pressionado, mas resistiu até a semana passada, quando o Corinhtians, nos pênaltis, eliminou o Remo pela Copa do Brasil. No vestiário após a classificação, Cuca se demitiu.
Houve lamentações na diretoria que a escolha não tivesse recaído sobre Dorival Júnior, que acabou assinando com o São Paulo e estava livre no mercado até então.
No clássico contra o Palmeiras, no último sábado (29), Danilo, ex-meia campeão mundial pelo clube, ficou no banco de reservas. O Corinthians saiu derrotado por 2 a 1. O trabalho do técnico, em difíceis condições, foi elogiado. Isso apesar de o rival ter dominado quase toda a partida. Mas, no fim, o alvinegro poderia ter empatado.
A procura por um treinador definitivo foi inglória. Quando Fernando Lázaro ainda estava no cargo, Duilio tentou Tite. Voltou a fazê-lo quando a pressão sob Cuca se tornou insuportável. Nas duas vezes, ouviu a mesma resposta. O profissional que comandou a seleção brasileira nas últimas duas Copas do Mundo quer trabalhar na Europa e não pretende aceitar nenhuma oferta no Brasil.
O nome seguinte foi Mano Menezes. Campeão paulista e da Copa do Brasil de 2009 pela agremiação, ele escutou o que o Corinthians tinha a dizer, mas preferiu continuar no Internacional.
O clube considerou ir atrás de um estrangeiro, mas nem isso foi unanimidade pela visão de que o único que poderia agradar a todos, o português Jorge Jesus, seria inviável. Argentinos como Rubén Darío Insúa, atualmente no San Lorenzo-ARG, foram oferecidos por empresários. Chegou a conversar com Roger Machado, atualmente desempregado, mas desistiu.
Para conselheiros aliados de Duilio, prevaleceu a visão de que Luxemburgo é potencialmente a solução ideal. Pode estabilizar o barco em um momento crítico da temporada e, se não der certo, o Corinhtians ganha tempo para acertar com outro nome no futuro.
Uma das preocupações foi saber como ficou a acusação de atentado violento ao pudor contra uma manicure quando era técnico do Palmeiras, em 1996. Ela o acusou também de assédio sexual. Mas Luxemburgo foi inocentado pela Justiça no ano seguinte.
- Fonte: Folhapress